Os Lusíadas é uma obra épica, escrita por Luís de Camões e relata os grandes feitos portugueses, tendo como tema central a viagem de Vasco da Gama para a Índia.
- Estrutura externa
Quanto á estrutura externa, o poema está organizado em dez cantos (I-X), sendo o seu número de estrofes variável. As estrofes são de oito versos (oitavas) e apresentam o seguinte esquema rimático – abababcc. Os versos têm dez sílabas métricas (decassilábicos).
- Estrutura internaQuanto á estrutura interna, o poema contém quatro partes: a Proposição (onde o poeta anuncia o que vai cantar), a Invocação (onde o poeta pede auxílio ás ninfas do Tejo), a Dedicatória (onde o poeta oferece e dedica o poema a D.Sebastião) e a Narração (onde se relata as acções e acontecimentos)
Da Narração fazem parte três planos narrativos: plano fulcral (plano da viagem de Vasco da Gama), plano paralelo (intervenção dos Deuses) e plano encaixado (História de Portugal). Fazem também parte da narração, episódios que começam e acabam e que se incluem na história maior.
1) Canto I-PROPOSIÇÃO
Na Proposição o poeta expões aquilo de que vai falar, explica o que se propõe fazer.
O sujeito (Camões) vai espalhar (acção) por toda a parte (por onde), cantando (como), os feitos dos Homens ilustres (o quê), as memórias dos reis e todos aqueles que se imortalizaram, porque devido aos seus feitos nunca vão cair no esquecimento. O poeta faz ainda um pedido para que se pare de falar dos Gregos e das navegações de outro povos, pois este irá falar de um povo “mais alto”. Nestas estrofes destaca-se ainda, um herói colectivo – os Portugueses.
-INVOCAÇÃO
Na Invocação o narrador pede ajuda a algo que inventou (as ninfas - tágides do Tejo). Este pede para que tenha um tom digno do povo e dos feitos de que vai falar.
Nestas estrofes, o autor refere ainda as características da epopeia: “elevada, solene, grandiosa, fluente, de grande inspiração” e faz ainda distinção entre poesia épica e poesia lírica, quando se refere á tuba e á flauta, visto que a tuba tem um som mais grave e a flauta um som mais suave e digno deste povo.
-DEDICATÒRIA
Na Dedicatória o narrador elogia o rei, mostrando-lhe o quão grande é o seu império, desde o Oriente até ao Ocidente. Diz-lhe ainda que através dos Lusíadas vai conhecer o povo português.
Camões faz ainda um pedido, para que o rei olhe um pouco para ele que é tão pequeno.
-INÌCIO DA NARRAÇÃO
Episódio do “Consílio dos Deuses no Olimpo”O Consílio dos deuses integra o plano paralelo e tem uma função alegórica, servindo para exaltar os feitos dos portugueses e para os engrandecer.
A acção começa num meio avançado e só mais tarde é que se vai contar início em retrospectiva, como é normal numa epopeia. Os portugueses já estavam no Oceano Índico e o tempo estava propício á viagem. Enquanto isso, os Deuses iam-se juntando no Olimpo, convocados por Júpiter, cujo objectivo da assembleia geral era determinar se os portugueses deveriam ou não chegar ao seu tão desejado destino – a Índia.
Quem presidiu a reunião foi Júpiter, o deus de todos os Deuses, e todos eles estavam sentados por escalões desde os mais importantes aos menos importantes.
Júpiter dirige-se então aos Deuses e fala-lhes nos grandes feitos dos portugueses, dizendo que até agora já venceram os Mouros, conquistaram terras aos castelhanos, já para não falar nos feitos antigos que fizeram sempre com fama e glória. Passaram também, muitos sacrifícios no mar e merecem ver a terra desejada. Júpiter faz um pedido, para que os portugueses sejam recebidos em África, que descansem e que encontrem informações sobre a Índia para que possam prosseguir viagem.
Perante o discurso de Júpiter surgem forças apoiantes e forças oponentes. Vénus e Marte apoiam a decisão de Júpiter: Vénus porque gosta dos lusitanos e é-lhes descendente, bem como sabia que estes nunca a iam esquecer, pois os portugueses celebram muito o amor e Marte, ou porque os portugueses mereciam mesmo, ou porque tinha gostado de Vénus. Baco, no entanto discorda com Júpiter, pois tinha muita fama no Oriente e temia ser esquecido.
Finalmente, e após um pequeno discurso de Marte apoiando os Portugueses, Júpiter decide que os Portugueses irão ver terra firme e manda Mercúrios, que rápido como uma seta, vá mostrar terra aos portugueses.
2) Canto IIIEpisódio de “Inês de Castro”Este episódio faz parte do plano encaixado ou o plano da História de Portugal e é contado por Vasco da Gama ao rei de Melinde. É um episódio lírico, pois fala de sentimentos nomeadamente, de uma morte cujo culpado é o amor.
Numa situação inicial, Inês de Castro recorda o seu amado, D.Pedro, filho de D.Afonso IV.
No desenvolvimento do episódio damos relevância á decisão do rei de matar Inês, como única forma de acabar com o amor dela e do seu filho, o aprisionamento de Inês e o seu discurso, em que tento mobilizar o rei a desistir da sua morte, apresentando outras formas possíveis, entre elas o exílio ou a morte entre leões e tigres. Os seus argumentos para não morrer são o facto de ser uma “donzela fraca e sem força”, de não ter culpa de amar e pede ao rei que já que não tem respeito por uma donzela que tenha respeito pelos seus netos. É importante também, que no seu discurso, Inês só se mostra preocupada com os seus filhos que vai deixar sem mãe e com D.Pedro. Apesar de o rei ter ficado com pena, a opinião do povo levou-o a matar Inês injustamente.
Ao longo do episódio, o narrador mostra um pouco da sua opinião pessoas e na conclusão mostra comentários sobre a morte de Inês e a compaixão que despertou na natureza.
3) Canto IV
Episódio da “Batalha de Aljubarrota”A Batalha de Aljubarrota insere-se, igualmente no plano da história de Portugal, cujo tema central é a guerra. É um episódio bélico, pois fala de essencialmente de guerra.
Este episódio começa com o soar da trombeta castelhana que provoca efeitos na natureza, nos homens e nos soldados.
Logo no início do episódio, o narrador faz referência ao facto de a vida ser muito preciosa.
Inicia-se a guerra e portugueses, que querem defender a sua terra, lutam contra castelhanos, que querem conquistar Portugal. No decorrer do episódio, destacam-se heróis colectivos – o exército português e heróis individuais – Nuno Álvares Pereira e D. João I.
Nuno Álvares Pereira, um grande herói do conflito, estava nas partes mais acesas da guerra, bem como nos pontos mais fracos e fazia desaparecer os inimigos devido á sua coragem.
No desenvolvimento do conflito, D.João I, discursa para o seu povo mostrando e dando coragem a todos, o que contribuiu para elevar a figura do rei. O ponto culminante é quando a bandeira castelhana é derrubada “aos pés” da bandeira Lusitana.
Em conclusão morreram muitas pessoas, entre elas conhecidos e desconhecidos e no fim o autor interroga-se para que é que servirá afinal a guerra para deixar solidão, mágoa e destruição.
Episódio das “Despedidas em Belém”
Este episódio insere-se no plano narrativo fulcral, a viagem ate á Índia. É agora que Vasco da Gama, como narrador e como personagem principal, vai narrar como foi o início da viagem, a partida das naus de Lisboa.
O ambiente, por parte das pessoas que ficavam e das que partiam era semelhante. Ambas estavam tristes, pois já estavam com saudades e os que ficavam temiam nunca mais ver os seus filhos ou maridos. Porém, os que partiam estavam decididos a ir e mostraram coragem por irem navegar por terras desconhecidas, o que engrandece os portugueses. No entanto, estavam um pouco receosos e pediram ajuda a Deus.
Por fim, as naus ás ordens de D. Manuel partiram de Belém, deixando o levando mágoa.
4) Canto VEpisódio do “Gigante Adamastor”
Este episódio faz parte do plano narrativo fulcral e é o momento mais importante da viagem dos Portugueses – a passagem pelo Cabo das Tormentas. Este episódio significa simbolicamente, a vitória do Homem sobre os elementos cósmicos adversos, aliando o plano da realidade (os perigos do mar) com o plano do maravilhoso.
Inicialmente, apresenta-se o espaço envolvente antes do aparecimento do Gigante, mostrando que os navegadores estavam calmos e descuidados quando apareceu uma grande nuvem muito carregada e inesperada. Seguidamente, aparece o Gigante que se apresenta como senhor do mar desconhecido, proferindo ameaças e profecias começando por reconhecer o valor dos portugueses e assustando-os, afirmando que nunca ninguém tinha ousado passar por lugares “Proibidos” e que no futuro, seriam alvo de terríveis punições.
Vasco da Gama descreve o monstro como sendo uma figura enorme e disforme, cuja expressão era ameaçadora e a voz grossa. A sua barba e cabelos estavam sujos, os dentes amarelos e os olhos encovados. Esta descrição confere uma expressão ainda mais ameaçadora desta figura mitológica o que no entanto, não é bastante para que os portugueses se deixem intimidar e apesar de estarem com medo, Vasco da Gama enfrenta o monstro e pede-lhe que se identifique.
Perante isto, o Gigante apresenta-se como sendo o “Adamastor” que apenas sofrera uma desilusão amorosa e por isso estava preso naquele cabo. Após o Gigante Adamastor ter contado a sua história, Vasco da Gama pediu para que as suas profecias não se realizassem.
Concluindo, o Gigante serviu para personificar o Cabo das Tormentas, que era o terror desconhecido e para engrandecer os Portugueses que superaram os perigos.
5) Canto VIEpisódio da “Tempestade”
Finda a narrativa de Vasco da Gama, a armada segue caminho para Calecut, guiada por um piloto do rei de Melinde. É de Melinde a Calecut que Baco faz cair sobre a armada portuguesa uma Tempestade, para ver se estes não chegavam ao Oriente.
Este episódio integra o plano fulcral e é um episódio descritivo.
Inicialmente, os marinheiros estavam calmos, depois de terem ouvido uma história, quando o mestre deu o alerta de tempestade. Vasco da Gama pede ajuda divina para que nada de mal aconteça e para que a tempestade acalme. Contudo, o tempo ainda ficou pior e a Tempestade agravou-se. Os marinheiros corriam atarefados de um lado para o outro dando á bomba, virando velas e fazendo os possíveis para não afundar. Os ventos sopravam cada vez com mais força e as ondas cada vez batiam com mais força.
Vasco da Gama faz uma oração a Deus para que os proteja e assim possam continuar viagem já que estavam tão perto, o seu desejo não ia terminar assim, de uma forma tão injusta. Mas a tempestade não acalmava, até que Vénus, que andava por ali ficou com medo ao ver os portugueses assim e com fúria pois sabia que era obra de Baco. Vénus ordena então, ás ninfas que seduzam os ventos para que estes acalmem. Assim acontece e os portugueses conseguem finalmente chegar á Índia.