terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

"O Velho que lia Romances de Amor" - Luís Sepúlveda


Tendo como cenário a selva amazónica, uma nova cultura e um povo completamente diferente do habitual, a história desenvolve-se á volta de El Idilio e El Dorado onde um homem, de idade já avançada, decide aventurar-se e aprender a vida "selvagem". Passa longos anos em convivência com os Xuar com quem aprende a caçar, a conviver com os animais da floresta e a procurar alimento para a sua subsistência. Apesar desta convivência com os Xuar, António José Bolivar não é um deles e vê-se forçado a abandonar o local livre de que tento gosta.
Recolhe-se numa casinha com recordações da sua falecida mulher e dedica-se á leitura de livros de amor, onde descobre uma nova paixão.
Uma vaga de mortes "ataca" El Idilio onde aparecem vários caçadores mortos por uma puma fêmea em fúria.
António José Bolívar, coms os seus conhecimentos antigos, a pedido da administração, parte para a selva onde vai ter de caçar a dita puma e impedir que haja mais mortos.
Estes dias na selva, trazem-lhe muitas recordações dos tempos com os Xuar e de todos os seus processos para caçar os animais.

O velho que lia romances de amor é uma grande esperiência de vida, com umas descrições fenomenais em que o autor nos coloca na selva e, despidos de preconceitos, na vida dos xuar em defesa da floresta e de todos os animais.

domingo, 23 de dezembro de 2007

O Natal num país distante


Tobias era um grande homem, gostava muito de viajar e de conhecer lugares, religiões e novas culturas. Na época do Natal não tinha o hábito de viajar, pois gostava de estar em familia, mas naquele ano, Tobias viajou.

O país para onde fora não era muito conhecido, era habitado por gente pobre, com muitas necessidades e dificuldades. Muitas delas viviam na rua, não havia muito para comer e haviam muitas tempestades.
Naquela tarde, Tobias passeou para conhecer a terra onde estava e um pouco da sua cultura. Era época de Natal. Como estava num país pobre, não haviam muitos enfeites, nem grandes luxos. Existia uma pequena árvore de Natal e um presépio de papelão.
Na noite de Natal, passava Tobias pela rua dirigindo-se para a sua cabana afim de celebrar um Natal quente e aconchegado, quando pelo caminho depara com um grupo de crianças entre os 6 e os 16 anos sentados á volta de uma pequena fogueira e debaixo de folhas de palmeira. Dirigindo-se a eles deseja-lhes um feliz natal e continua o seu caminho. Um pouco mais á frente, as crianças ainda não lhe tinham saído da cabeça e resolveu voltar para trás.
Emocionado com aquela pobreza perguntou-lhes se não iam para casa, para o pé dos seus pais, ao que um deles lhe responde que já não tinham pais, eram orfãos. Ainda mais emocionado perguntou-lhes então se queriam passar o Natal com ele, na sua cabana, que tinha comida e alguns presentes que poderiam partilhar.
Com um ar revoltado o mais velho dos irmãos olhou para Tobias e diz-lhe as sguintes palavras: "Jesus quando nasceu não tinha casa, nem o quente de uma lareira, nem presentes. Jesus não tinha qualquer luxo e no entanto sobreviveu a muito e salvou-nos a todos. Vocês que vêm lá desses países ricos estão habituados á luxuria e estão a deitar fora o conceito de Natal. O Natal não para dar grandes prendas a todos, as mais caras se for possivel, o Natal é partilha, é amor, é compaixão; deve ser vivido como Jesus o viveu."
Embasbacado com aquelas palavras, Tobias não perguntou mais nada, apenas concordou e pediu se poderia passar o Natal, ali, com eles.

Foi a primeira vez que Tobias celebrou o Natal no seu íntegro, e estava muito contente, aquelas crianças eram maravilhosas e ensinaram-lhe muito. Foi o melhor Natal que alguma vez tivera.


Não deixe que o Natal seja o consumismo que o Homem criou. No Natal AME, PARTILHE, DÊ, não consuma! Um Feliz Natal para todos!

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Sermão de Santo António aos peixes - Padre António Vieira


Sermão de Santo António pregado na cidade do Maranhão, no ano de 1654, no dia 13 de Junho, dia de Santo António, (Véspera da partida de Padre António Vieira para Lisboa). Nesta época, Portugal tinha recuperado a Independência e o Padre António Vieira vem a Lisboa, junto do rei para apoiar a criação de leis que acabassem com a exploração dos colonos brancos para com os índios brasileiros.
O sermão está organizado em seis capítulos e três partes: o Exórdio, que contém o capitulo I; a exposição e confirmação, que contém os capítulos II, III, IV e V e a peroração que contém o capitulo VI.

No Exórdio, Padre António Vieira apresenta o conceito predicável, “Vós sois o sal da Terra”, e explica as razões pelas quais a terra está tão corrupta. Ou a culpa está no sal (pregadores), ou na terra (ouvintes). Se a culpa está no sal, é porque os pregadores não pregam a verdadeira doutrina, ou porque dizem uma coisa e fazem outra ou porque se pregam a si e não a Cristo. Se a culpa está na terra, é porque os ouvintes não querem receber a doutrina, ou antes imitam os pregadores e não o que eles dizem, ou porque servem os seus apetites e não os de Cristo.
Ao apresentar o conceito predicável, Padre António Vieira, introduz o tema do sermão, mas apesar de tudo desvia-se do tema e preocupa-se apenas com a razão pela qual a terra está corrupta, partindo do principio de que a culpa é dos ouvintes. Consegue isto, uma vez que o sermão é proferido no dia de santo António, aproveitando assim o exemplo deste. Santo António não obtinha resultados da sua pregação e os homens até o quiseram matar, em vez de desistir resolveu pregar aos peixes. Assim se viu Padre António Viera, sem obter resultados, a terra continuava corrupta, resolvendo igualmente pregar aos peixes, seguido o exemplo de Sto António.
Em primeira parte, o orador vai louvar as virtudes dos peixes e em seguida repreende-los.

O capitulo II contempla os louvores aos peixes de carácter geral, recorrendo-se ao exemplo de Jonas para mostrar que os homens são muito piores que os peixes. Como suas qualidades temos:
- Bons ouvintes / obedientes
- Primeira criação de deus
- Melhores do que os homens
- Livres, puros, longe dos homens
Estas qualidades, são por antítese os defeitos dos homens.
Neste, como em todos os capítulos, há um exemplo prático de Sto António, para o louvar no seu dia.

O capítulo III é igualmente de louvor aos peixes, mas agora de carácter particular. Padre António Vieira utiliza quatro peixes para mostras a relação entre o homem e o divino, como os peixes se dão a estes cuidados e os homens não pensam em tais coisas.
Peixe de Tobias: Tem umas entranhas e um coração que expulsam os demónios e simboliza o poder purificador da palavra de Deus.
Rémora: Peixe que quando se agarra e um navio tem força suficiente para o conduzir sozinha. Simboliza o poder da palavra do pregador – guia das almas.
Torpedo: Produz descargas eléctricas que faz tremer o braço do pecador. Simboliza o poder da palavra de Deus, de fazer tremer os pecadores que pescam na terra tudo quanto encontram.
Quatro – olhos: Tem dois pares de olhos, uns para cima e outros para baixo. Simboliza o dever dos cristãos em tirar os olhos da vaidade terrena, olhando para o céu sem esquecer o inferno.
Todos estes louvores que Padre António Vieira faz aos peixes são antíteses aos defeitos dos homens, assim simbolizando os seus vícios.

Seguidamente parte-se para as repreensões aos peixes, primeiramente de carácter geral (Cap. IV) e depois de carácter particular (Cap. V).
No carácter geral, Padre António Vieira acusa os peixes de se comerem uns aos outros, recorrendo a um exemplo dos homens para explicar o que eles faziam. Assim, os homens praticam antropofagia social, ou seja exploração uns dos outros. O orador faz uma comparação entre a antropofagia ritual dos Tapuias (índios brasileiros) e a antropofagia social dos homens, considerando esta ultima mais grave que a anterior, porque muitas vezes procuram tanto a exploração que nem os mortos escapam. O mais grave de tudo é que são os grandes que comem os pequenos, ou seja são precisos muitos pequenos para alimentar um grande. Acusa-os igualmente de cegueira, vaidade e de terem a maldade.
Estas repreensões são feitas com o objectivo de mudarem os homens, ou pelo menos fazê-los pensar, mesmo que não haja uma mudança rápida.
Aqui, há também um exemplo prático de Sto António que nunca praticou antropofagia social e que trocou a riqueza pela simpleza.

De carácter particular, Padre António Vieira usa quatro exemplos de peixes que se referem a tipos comportamentais. O roncador que simboliza os arrogantes, o pegador, que simboliza os oportunistas, o voador, que simboliza os ambiciosos e o pior de todos, o polvo, que simboliza o traidor e o hipócrita. Este último, tem uma aparência de santo e manso e um ar inofensivo, mas na essência é traiçoeiro e maldoso, é hipócrita e faz-se de amigo dos outros e no fim “abraça-os”. Neste capítulo são usados os exemplos de São Pedro, Sto Ambrósio, São Basílio e o Gigante Golias.

Por fim, a despedida, no capitulo VI, onde o orador retoma os pregadores de que falava no conceito predicável, servindo-se dele próprio como exemplo alegando que não estava a cumprir a sua função. Alega também que ele (homens) e os peixes, nunca vão chegar ao sacrifício final, uma vez que os peixes já vão mortos e os homens vão mortos de espírito. Padre António Vieira diz que a irracionalidade, a inconsciência e o instinto dos peixes, são melhores do que a racionalidade, o livre arbítrio, a consciência, o entendimento e a vontade do homem.

Conclui-se assim, fazendo um apelo aos ouvintes e louvando-se a Deus, tornando esta última parte do sermão um pouco mais familiar, para que se estabeleça de novo a proximidade entre os ouvintes e o orador.
Este sermão teve como ouvintes os colonos do Maranhão e tem grande coesão e coerência textual graças á utilização de recursos estilísticos, articuladores do discurso e argumentos de autoridade e analógicos para validar e confirmar os testemunhos narrados. Todo o sermão é alegórico, uma vez que são utilizados os peixes como figuras concretas para a crítica aos homens.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

O Corpo humano - Real e completamente fantastico


Real e fantástico, são as melhores palavras para descrever o nosso corpo, visto por dentro e por fora, como nunca ninguem pensou ver. A exposição já está em Lisboa á algum tempo e tem tido um enorme sucesso, com milhares de visitantes.
A exposição pode acontecer graças á doação de corpos chineses que nunca tinham sido reclamados e que foram doados para fins cientificos. A verdade é que a comunidade cientifica e todos os que participaram para que a exposição pudesse ocorrer, obteve um resultado fantastico e dá-nos uma visão completamente diferente do que pensamos ser o nosso corpo.

Algumas curiosidades que a Exposição «O Corpo Humano como nunca o viu...» revela:

• Um ser humano perde em média 40 a 100 fios de cabelo por dia.
• Um espirro pode ultrapassar os 160 quilómetros por hora.
• Cada vez que lambemos um selo, consumimos um décimo de uma caloria.
• Os ossos do esqueleto juntam-se em mais de 100 articulações, dando ao corpo uma mobilidade notável.
• A forma convexa e a camada interna esponjosa dos nossos ossos cranianos criam uma protecção para o cérebro.
• Os bebés têm 300 ossos; os adultos têm 206.
• O cóccix, na base da nossa espinha, é tudo o que nos resta das caudas dos nossos antepassados.
• Os ossos das crianças crescem mais rapidamente durante a Primavera.
• O tecido Muscular cardíaco contrai para fazer bater o coração.
• A língua é composta por 16 músculos individuais.
• Os músculos do coração criam pressão suficiente para esguichar sangue a mais de 9 metros.
• Os mais pequenos músculos do corpo encontram-se nas orelhas.
• Os músculos produzem calor para manter a temperatura corporal
• Os cérebros das raparigas constituem 2,5 por cento do peso corporal. Os cérebros dos rapazes constituem 2 por cento.
• Cada neurónio tem muitas dentrites, ou ramificações, que o ligam a milhares de outros neurónios.
• O coração é um músculo com duas câmaras que bombeia o sangue para todas as zonas do corpo.
• Existem 96 mil quilómetros de vasos sanguíneos no corpo humano.
• Quando chegamos aos 70 anos, já respirámos pelo menos 600 milhões de vezes
• Em média, um maço de cigarros retira-lhe duas horas e vinte minutos de vida.
• As papilas são os altos na língua que contêm as papilas gustativas.
• O aparelho digestivo desfaz a comida que ingerimos e converte-a nos nutrientes que utilizamos como combustível.
• O espermatozóide masculino é a célula mais pequena do corpo; o óvulo feminino é a maior.
• Os rins filtram as impurezas do sangue a uma taxa de cerca de 57 litros por hora.
• O coração de um embrião começa a bater durante a terceira semana.



Apaixonante! Vale a pena visitar, nem que seja apenas para descobrir um pouco mais de si!