O Reino Birimbinha (texto dramático)
Florinda- (irritada) É sempre a mesma coisa não é Florbela?! Tiras-me os meus colares e nem sequer te dignas a pedir…
Florbela- (tristonha) Mas eu… só queria usar hoje… para ficar mais bonita!!
Florinda- Dizes sempre isso! Todos os dias o mesmo! Não tenho culpa de que tu sejas feia e eu bonita, os pais fizeram-nos assim!!
Florbela- Está bem! Desculpa…
Florinda- Desculpa, desculpa… nem vale a pena… és sempre a mesma!
(Florinda sai e continua a resmungar. Florbela vai para o seu refúgio- o jardim, ao pé de um poço)
Florbela- Só aqui me sinto bem… este jardim é tão bonito!!
Será que algum dia vou conseguir ser bonita como e minha irmã? Gostava muito! Porque é que nós somos gémeas e uma é mais bonita do que a outra? Não entendo… (Florbela vislumbrava-se na água do poço)
“Poço”- Que horror! Esta água e gelada! Como é que eu sempre vivi aqui! Ajudem-me…
Florbela- (espantada) Quem é que está aí? Os poços não falam! Quanto muito fazem o eco das pessoas!...
“Poço”- Cala-te e ajuda-me! Já falo contigo! Estende a tua mão…
Florbela- (estendendo a mão) Mas?! Como é isto possível??
(De repente, de dentro do poço de pedra que Florbela tanto gostava saiu uma senhorita baixinha e gordinha, de fato verde alface e chapéu bicudo, com uma estrela roxa na ponta)
Florbela- (completamente boquiaberta) Quem és tu? De onde é que tu vieste? És muito estranha!
Fada madrinha- Olá! Eu sou a fada madrinha, aquela baixinha e gordinha, a D.Miliquinha!
Florbela- (a rir) Que giro! Tudo a acabar em –inha! Mas como é que vieste aqui parar?
Fada madrinha- Eu sempre estive aqui! Estava a cumprir um castigo. Foi o senhor Filipinho, aquele baixinho e gordinho! Lançou-me um feitiço e eu fui parar ao fundo do poço, por dentro da parede, numa casinha pequenina e estreitinha…
Florbela- E como é que saíste de lá?
Fada madrinha- Foste tu que me salvaste!
Florbela- Eu?!
Fada madrinha- Sim tu! Foi assim, tu estavas a olhar para o teu reflexo na água , certo?
Florbela- Sim! E depois?
Fada madrinha- Depois, sem querer tocaste numa das pedras da borda do poço e abriste uma portinha que me fez sair da minha casinha! Percebeste?
Florbela- Ah!!! Está bem! E agora, o que é que vais fazer?
Fada madrinha- Agora, como foste tu que me salvaste vou ser a tua progenitora!
Florbela- (admirada) O que é isso?
Fada madrinha- Progenitora, é uma espécie de anjo-da-guarda!
Florbela- E tu vais ser o meu anjo-da-guarda?
Fada madrinha- Vou! E para começar vou-te conceder um desejo… Sabes qual é?
Florbela- Não sei… Tenho que pensar… é preciso ser já?
Fada madrinha- Não! Podes pensar… Demora o tempo que quiseres.
Florbela- Está bem… onde é que te posso encontrar quando tiver decidido?
Fada madrinha- Aqui mesmo… Eu não vou sair daqui… mas como eu sei que este é o teu local favorito eu vou fazer uma visitinha á minha casinha e fazer-lhe uma limpezazinha, para poder dormir lá esta noitinha!
Florbela- Está bem… Eu depois procuro-te!
(Passaram-se dois dias e muita coisa aconteceu)
Florbela- F(a chorar) Como é que os pais puderam morrer assim de repente? Não percebo… Estavam tão bem…
Florinda- Os pais morreram porque estava na hora deles, é assim com toda a gente…
Florbela- Mas eles eram tão novos, só tinham 55 anos… Foi uma morte muito estranha…
Florinda- (indo embora e falando baixinho) Um dia vais perceber…
Florbela- Tenho que ir ter com a D. Miliquinha, já sei qual é o meu desejo…
(Florbela correu para o jardim e lá estava ela)
Fada madrinha- Já sei o que aconteceu… sinto muito…
Florbela- Já sei qual é o meu desejo…
Fada madrinha- Já?? E então??
Florbela- Quero os meus pais de volta!
Fada madrinha- Quase que adivinhava que ias pedir isso…mas, desculpa, isso não fazer… A única coisa que posso é…
Florbela- è o quê?
Fada madrinha- Não te posso contar… pelo menos não posso ser eu. Mas há uma pessoas que sabe…
Florbela- Mas que sabe o quê? Não estou a perceber nada…
Fada madrinha- Uma pessoa muito próxima de ti sabe qual é a razão da morte dos teus pais, vais ter de descobrir quem é e o porquê.
Florbela- Mas essa pessoa conhece-te?
Fada madrinha- Conhece. Mas tu nunca nos viste juntas. Agora tenho que ir. Vou ter com a D. Amigalinha.
Florbela- Amigalinha?! Que nome!! Eu vou tentar encontrar a pessoa e depois procuro-te…
(Florbela pensou, repensou e voltou a pensar, até que…)
Florbela- Acho que já sei! Deve ser a minha irmã, todos os factos apontam para isso, se não vejamos: ela não ficou muito triste com a morte dos pais, logo deve saber qual a razão por que morreram… Tenho que ir falar com ela!
(Florbela foi até ao quarto da irmã)
Florbela- Mana! Tu sabes porque é que os pais morreram, não sabes?
Florinda- (embaraçada) Eu?! Mas que disparate… Os pais morreram porque chegou a hora deles!
Florbela- Escudas de te estar a desculpar. Eu já sei tudo, a D.Miliquinha Contou-me. Ó não me contou a razão pela qual os pais morreram. Eu sei que tu sabes, por favor conta-me tudo!
Florinda- Está bem, eu conto. Também, algum dia teria de te contar…
Ouve com atenção tudo até ao fim:
Os pais estavam ligados a um grupo de bruxas, desde muito pequenos. Eles deveriam ser bruxinhos baixinhos e gordinhos, mas preferiram encarnar e deixar alguns descendentes da sua família, Assim nascemos nós. Apesar de os pais terem escolhido encarnar, sabiam que quando tivessem 55 anos teriam de voltar para o mundo das bruxas, pois já teriam cumprido a sua promessa. Agora, nós temos o direito de escolher se queremos continuar humanas e quando tivermos 55anos morremos para voltar ao mundo baixinho e gordinho, ou podemos ir ter com a nossa fada madrinha, a D.Miliquinha, que tu salvaste, e pedir-lhe para ela nos transformar em bruxinhas baixinhas e gordinhas, mas atenção se nós lhe pedir-mos isto, o nosso desejo vai ter de ser este e não temos direito a outro. Temos que pensar e escolher!
Florbela- Porque é que não me contaste isto antes?
Florinda- Porque não podia, só quando tu me perguntasses, senão era logo enviada para o Reino Birimbinha, que é o Reino das bruxas baixinhas e gordinhas!
Florbela- Eu quero muito ir ter com os pais. Nós podemos ficar com eles nesse reino?
Florinda- Claro que sim… è isso que queres?
Florbela- É! Tenho a certeza.
Florinda- Muito bem! Vamos ter com a D.Miliquinha…
(Florinda e Florbela foram até ao jardim, até ao poço e lá estava ela.)
D. Miliquinha- Demoraram muito, estava a ver que não vinham! Já decidiram?
Florinda- Já! Queremos ir para perto dos nossos pais.
Florbela- Isso mesmo!!
D.Miliquinha- Muito bem! Vamos a isto… Varinha em acção e palavras mágicas…
“Pelo reino Birimbinha eu vos concedo o título de bruxinhas v«baixinhas e gordinhas”
Badabim, badabumm, bum…
Já está!
Florinda- Estamos muito bonitas…
Florbela- Pois estamos! Agora somos mesmo iguais, já não há discussões…
D. Miliquinha- Ah! Já me esquecia, os vossos nomes agora são Florindinha e Flirindinha. Agora vão… os vossos pais estão é vossas espera…
(Florindinha e Flirindinha foram então, ter com os pais)
Mãe- Filhotas!! Ainda bem que quiseram vir!!!
Florindinha- Estamos muito contentes, mamã!
Flirindinha- Pois estamos! Muito contentes…
Pai – (segurando uma máquina fotográfica) Que tal uma foto de família para recordação?!